Essa é uma pergunta muito comum entre as pessoas. O que você acha? As plantas podem ser consideradas bioindicadoras do ar atmosférico?
Olhe com atenção essas quatro imagens:
Fonte: Pedroso 2009
"Fotomicrografias de secções transversais da folha de Nicotiana tabacum "Bel-W3" mostrando autoflorescência dos cloroplastos em microscopia de epifluorescência (450–490 nm). A– D. Plantas assintomáticas coletadas após 10 dias de exposição em ambiente com ozônio na campanha experimental correspondente ao verão de 2008. B. Notar uma significante diminuição na intensidade da fluorescência primária dos cloroplastos no mesofilo e alteração na sua forma (seta). C – D. C. A região amarelada corresponde aos locais onde houve perda da clorofila (elipse). D. Detalhe da figura anterior. (A – C. barras = 100 µm; D. barra = 50 µm)."
Estas imagens são de cortes da folha do #tabaco após 10 dias expostas no Jardim Botânico de São Paulo-SP, Brazil. Isso mesmo, só 10 dias de exposição!
Vamos entender melhor?
Selecionamos um fragmento da folha desta cultivar sensível ao poluente aéreo, sem nenhum dano visível. O que indica isso? Que a região da folha que analisamos estava totalmente sadia a olho nu.
Nós sabemos que, os cloroplastos são organelas presentes nos vegetais e tem como principal função a fotossíntese. A clorofila é um pigmento que funciona como fotorreceptor na fotossíntese, absorvendo a luz nos comprimentos de onda entre o azul e o amarelo e refletindo diferentes tonalidades de verde, conferindo às plantas sua cor característica.
"As moléculas de clorofila ficam situadas nas membranas dos tilacóides (aquelas moedinhas que ficam empilhadas) e atuam como “sondas” intrínsecas de fluorescência. Seu padrão de emissão é um indicador da integridade dessas membranas. Dessa forma, o teor e a fluorescência da clorofila são características que estão sendo empregadas atualmente como indicadoras da sensibilidade da planta aos poluente, como o ozônio. Alterações no padrão de fluorescência da clorofila a mostram não apenas mudanças no rendimento da fotossíntese, mas, também, permitem a localização precoce do dano causado por algum tipo de estresse, especialmente ao ozônio".
Padrão de emissão = coloração vermelha. Nestas imagens temos a diminuição da intensidade da coloração vermelha e a emissão da cor amarela.
Um dos primeiros sintomas que indica que a planta está apresentando algum sintoma decorrente do estresse é a alteração na fotossíntese. Portanto, conseguimos detectar os danos invisíveis e esta planta mais especificamente pode ser considerada bioindicadora do ar atmosférico.
Fonte: Pedroso ANV & Alves ES. 2015. Temporal dynamics of the cellular events in tobacco leaves exposed in São Paulo, Brazil, indicate oxidative stress by ozone - DOI 10.1007/s11356-014-4025-y
Divulgue e espalhe o conhecimento
Comentários